Pai virtual também é pai
Daisy Daghlian
Eduardo de Camargo, físico, professor universitário, despediu-se da família, Ia para mais um congresso, no exterior onde apresentaria diversos trabalhos produto de suas pesquisas. A esposa Fabiana, acostumada com suas ausências, despediu-se com um abraço apertado e beijos, dizendo ainda a falta que todos sentiriam dele. Os filhos gêmeos Guilherme e Giovanna de cinco anos, começaram a chorar, não entendiam por que o pai tinha que se ausentar tantas vezes, abraçaram as pernas de Eduardo como se pudessem prende-lo junto a eles. Desconcertado, desprendeu-se das crianças, prometendo telefonar sempre que possível. Pegou a bagagem e se foi. O motorista da faculdade o levou ao aeroporto.
Já instalado em sua poltrona no avião, tentou ler algumas anotações, não conseguiu se concentrar, pensando na mulher e nos filhos e o quanto era dolorosa a separação. Pegou uma revista para tentar se distrair. Folheou algumas páginas e deu com um artigo que o interessou muito. Dizia: “Pai virtual também é pai”, um estudo sugere que conversas em vídeo entre pais e filhos pela internet podem compensar a distância física, sem causar ansiedade nas crianças.
Puxa, que maravilha, nunca pensei nisto antes, murmurou para si mesmo, uso tanta tecnologia no trabalho, as pesquisas me tomam o tempo inteiro, estou ficando bitolado, me preocupo tanto em deixar minha mulher e as crianças e, ao mesmo tempo fico tão envolvido com meu trabalho que ás vezes até esqueço da minha família. Vou pesquisar sobre o que é necessário para fazer este tal de vídeo conferência familiar via internet. C. Assim que chegar à Alemanha e me instalar, ligo para a Fabiana ela pode me ajudar muito.
Enquanto isto, na casa da família, as crianças chorosas, não deixavam a mãe trabalhar, ela como jornalista, escrevia seus artigos em casa e os mandava via internet.
-Temos que dar um jeito nisto, pensou. Estamos todos ansiosos.
O telefone tocou, era Eduardo, depois dos cumprimentos habituais, ele falou sobre o artigo que havia lido e pediu que comprasse dois laptops e providenciasse tudo que fosse necessário para se verem e se falarem via internet. Fabiana ainda brincou que eles iriam parecer os Jetsons, conversando por videoconferência.
Passaram-se duas semanas. Voltando da viagem, encontrou a família saudosa e na expectativa de montar aquela parafernália toda e ver se e como funcionava.
Foi uma festa quando os gêmeos se viram no laptop e viram os pais no outro.
Eduardo levou os apetrechos para seu trabalho, pos tudo em funcionamento e várias vezes ao dia falava com a família. O resultado foi surpreendente. Além dele se sentir mais pai, as crianças ficaram menos ansiosas e mais seguras, deixaram de chorar por qualquer motivo, enfim mais felizes.
Que instrumento maravilhoso contra a saudade.
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