O FIM DA MALANDRAGEM!
Dinah Ribeiro de Amorim
Carlito Farias era uma figura típica na pequena cidade de Morrinhos, onde morava.
Gostava e sabia se comportar em qualquer ambiente.
Casado com Da. Claudinéia Farias, mulher séria e muito religiosa, possuía quatro filhos rechonchudos e saudáveis, que eram o seu orgulho.
Ao mesmo tempo que acompanhava sua mulher e seus filhos a todos os ambientes formais, freqüentava também a vida noturna da cidade, conhecendo todos os bares, lugares de jogatina, casas de prostitutas, com as quais travava relacionamentos sérios.
Escondia habilmente da esposa, alegando que chegava tarde em atendimento a algum amigo “em apuros”.
Interessante que, apesar dessa dupla personalidade e inversão de valores, conseguia agradar a todos, tornando-se simpático e atraente sempre que queria.
Da. Claudinéia era quem mais sentia suas ausências e desculpas, achando , no íntimo, que havia alguma coisa errada...
Assim Carlito ia levando sua vida: jogatinas caras, que o pai, rico dono da maior fazenda da região, financiava; divertimentos com mulheres, casadas ou não, ricas ou pobres; conversas divertidas nos bares das esquinas, revelando seu lado brincalhão e galhofeiro, contando e rindo anedotas até altas horas.
Quando chegava em casa, acostumados com ele, todos dormiam...
Acompanhava sua mulher à missa, aos domingos, tornando-se sério, introvertido, respeitoso...
Um dia, num desses domingos, repara em uma moça recém- chegada à cidade, acompanhada por um amigo.
Encantado com sua beleza, pergunta logo: Quem era? De onde vinha? Como a conhecera?
Fica sabendo que era uma empregada da casa e que o amigo apaixonara-se por ela, tornando-a sua esposa.
Carlito, namorador e apreciador eterno da beleza feminina, logo dá um jeito de não sair da casa deles e engraçar-se com ela.
Suas visitas são tão insistentes que o amigo, Venâncio, começa a desconfiar de suas artimanhas, sabedor de suas façanhas.
Numa noite, deixando a esposa só em casa, prepara-lhe uma surprêsa: Carlito chega, vê a mulher sozinha, sente que é o momento para uma investida. Quando se aproxima dela, Venâncio chega e, de arma em punho, dá um susto danado em Carlito, que, como todo malandro, morre de medo de levar o “trôco”!
_ Que é isso, compadre? Quer atirar na gente?
_Não, responde Venâncio. Estava atrás de uma raposa velha que anda rondando a casa. Só isso!...
_ Ainda bem! Fez bem em avisar! Já vou indo... Fiquem à vontade. Eu volto noutro dia.
E assim acabou o interesse de Carlito pela esposa do amigo, que viveu em paz com sua mulher por um bom tempo!
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