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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ode ao tempo que passa - Suzana Lima



Ode ao tempo que passa
Suzana Lima

A vida escorre entre meus frágeis dedos
Deixando apenas meus fracassos e medos.
Ah, já se foi o tempo em que eu a tinha
Cativa de minhas vontades e desejos.
Dominava-a por inteira, ela era minha,
Para viver paixões, coragem ou desatino,
Porque era eu quem escrevia o meu destino.
Despedacei corações, também fui despedaçada.
Mas naquele tempo, jovem e tresloucada,
Eu ria de tudo, tudo podia, era onipotente.

Hoje a vida me escapa facilmente
E leva junto meu tempo e as memórias
Das paixões ardentes que eu vivi, eu sei.
Mas são lembranças mornas. Onde ficaram as histórias
Dos quentes amores, do amor para sempre?

Ah, apenas de ti, amor amado
Lembro com tanta intensidade, que eu queria
Estar de volta na imensa pradaria,
Onde me perdi de amor, me dei inteira
Na relva macia, nós dois deitados,
o perfume do jasmim e a brisa ligeira
roçando nossos corpos abraçados.
Eu em você, você em mim.

Ainda sinto o gosto de teu beijo,
Ainda arde a força do desejo
Ainda vejo seu olhar profundo,
brilhando de gozo sob a luz do sol,
Em nossa entrega tanto desejada,
Quão longa foi a espera, tão adiada.

Tua lembrança tocou meu ser tão fundamente
Que tudo mais pode sumir de minha mente.
Mesmo a morte chegando, afinal,
Tua imagem estará comigo para sempre
Sempre bela, inteira, imortal.

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