TERROR NOTURNO
Dinah Ribeiro de Amorim
Deixou a estrada e se embrenhou no mato. Não conhecia direito aqueles lados da fazenda, nem sabia se eram terras do dono.
Folhas batem-lhe no rosto e galhos cortam sua pele como chicotadas.
Seus pés afundam em barro mole e faz um esforço enorme para puxá-los. Se for um pântano?
Caminha às tontas, às vezes em círculo, retornando ao lugar de partida.
Não sabe mais aonde vai! Perdeu-se!
Voltar agora fica difícil! Melhor seguir em frente.
Os barulhos da noite continuam. Sapos coaxando; aqui e ali uns uivos, alguns latidos ao longe.
Vaga - lumes acendem e apagam, piscando suas luzes como pequenas lâmpadas que iluminam um pouco o caminho. Parecem estrelas no chão escuro da noite!
O pobre homem afunda-se cada vez mais na mata cerrada e hostil, topando com pequenos arbustos e grossos troncos.
Já cansado e assustado, ferido por alguns espinhos que encontrou na sua fuga, pensa em sentar-se. Esperaria amanhecer. Voltaria, então, à estrada.
De repente, ouve ao longe um barulho, parecem batidas de martelo. Seria verdade aquela história? O tal José Amaro ainda não se fora? Por que meteu-se nessa?
O pânico aumenta mas a curiosidade é maior!
Continua caminhando, agora em direção ao som...
Quanto mais se aproxima, mais ele aumenta. Começa a ouvir vozes falando. Muitas vozes...
Não dá para distinguir direito o que falam... José Amaro tem companhia!
Com os nervos à flor da pele, sua cabeça gira. Nos ouvidos, um zumbido incomodativo aparece deixando-o tonto, em desequilíbrio. Um peso estranho na nuca e um suor frio lhe escorre pela testa. Tremores pelo corpo todo! Nunca sentira antes. Logo ele, sempre tão forte!
As vozes aumentam. Se aproximam.
Ele para numa clareira iluminada pela Lua. É noite de Lua Cheia, mau presságio que o favorece.
Olha demoradamente ao redor e fica estarrecido.
O vento rápido da noite balança os galhos de uma cajazeira que batem-se, produzindo ruídos como se fossem vozes... ou seriam seus nervos?
Uma cabana escondida, em plena floresta, com a porta batendo em meio à ventania, produz o som das marteladas assustadoras...
O pobre homem, confuso, aproxima-se da janela e avista, lá dentro, uma ninhada de pintinhos.
Uma galinha vermelha, velha e gorda, agasalha-os debaixo das asas, parecendo adormecida.
Assustam-se todos quando ele entra para passar a noite. Um esvoaçar de penas e asas por todo lado e um cacarejar bravo da mãe sonolenta o faz parar momentaneamente.
“Se há uma criação, deve haver algum dono perto”, pensa.
Acomoda-se num canto e, cansado, muito cansado, adormece...
Com o silêncio, faz-se a calma! A paz volta a reinar colocando ordem no galinheiro e na sua cabeça também...
Quando surgisse um novo dia, retomaria seu caminho novamente!
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