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quinta-feira, 9 de junho de 2011

TERROR NOTURNO - Dinah Ribeiro Amorim



TERROR NOTURNO
Dinah Ribeiro de Amorim

  Deixou a estrada e se embrenhou no mato. Não conhecia direito aqueles lados da fazenda, nem sabia se eram terras do dono. 

  Folhas batem-lhe no rosto e galhos cortam sua pele como chicotadas.

  Seus pés afundam em barro mole e faz um esforço enorme para puxá-los. Se for um pântano?

  Caminha às tontas, às vezes em círculo, retornando ao lugar de partida.

  Não sabe mais aonde vai! Perdeu-se!

  Voltar agora fica difícil! Melhor seguir em  frente.

  Os barulhos da noite continuam. Sapos coaxando; aqui e ali uns uivos, alguns latidos ao longe.

  Vaga - lumes acendem e apagam, piscando suas luzes como pequenas lâmpadas que iluminam um pouco o caminho. Parecem estrelas no chão escuro da noite!

  O pobre homem afunda-se cada vez mais na mata cerrada e hostil, topando com pequenos arbustos e grossos troncos.

  Já cansado e assustado, ferido por alguns espinhos que encontrou na sua fuga, pensa em sentar-se. Esperaria amanhecer. Voltaria, então, à estrada.

  De repente, ouve ao longe um barulho, parecem batidas de martelo. Seria verdade aquela história? O tal José Amaro ainda não se fora? Por que meteu-se nessa?

  O pânico aumenta mas a curiosidade é maior!

  Continua caminhando, agora em direção ao som...

  Quanto mais se aproxima, mais ele aumenta. Começa a ouvir vozes falando. Muitas vozes...

  Não dá para distinguir direito o que falam... José Amaro tem companhia!

  Com os nervos à  flor da pele, sua cabeça gira. Nos ouvidos, um zumbido incomodativo aparece deixando-o tonto, em desequilíbrio. Um peso estranho na nuca e um suor frio lhe escorre pela testa. Tremores pelo corpo todo! Nunca sentira antes. Logo ele, sempre tão forte!

  As vozes aumentam. Se aproximam.

  Ele para numa clareira iluminada pela Lua. É noite de Lua Cheia, mau presságio que o favorece.

  Olha demoradamente ao redor e fica estarrecido.

  O vento rápido da noite balança os galhos de uma cajazeira que batem-se, produzindo ruídos como se fossem vozes... ou seriam seus nervos?

  Uma cabana escondida, em plena floresta, com a porta batendo em meio à ventania, produz o som das marteladas assustadoras...

  O pobre homem, confuso, aproxima-se da janela e avista, lá dentro, uma ninhada de pintinhos.

  Uma galinha vermelha, velha e gorda, agasalha-os debaixo das asas, parecendo adormecida.

  Assustam-se todos quando ele entra para passar a noite. Um esvoaçar de penas e asas por todo lado e um cacarejar bravo da mãe sonolenta o faz parar momentaneamente.

  “Se há uma criação, deve haver algum dono perto”, pensa.

  Acomoda-se num canto e, cansado, muito cansado, adormece...

  Com o silêncio, faz-se a calma! A paz volta a reinar colocando ordem no galinheiro e na sua cabeça também...

  Quando surgisse um novo dia, retomaria seu caminho novamente!

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