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segunda-feira, 16 de junho de 2014

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO - Dinah Ribeiro de Amorim


MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Dinah Ribeiro de Amorim

  Fui designado para aquela rua, uma igreja antiga, quase inexistente, com poucos fiéis. Pastor iniciante em preparação para novos ministérios.

  Aos poucos, promovi reuniões e cultos, fazendo um reconhecimento ligeiro dos habitantes da região e frequentadores da igreja.

  Algumas senhoras dedicadas ainda movimentavam o trabalho ministerial e conseguiam alguns frutos: novos adeptos, pessoas sofridas em busca de ajuda, visitas a alguns hospitais e residências.

  Com isso, conheci pessoas boas, sensíveis, com vontade de servir ao próximo, mas também pessoas más, debochadas, angustiadas e deprimidas, cheia de vícios e pecados, necessitando de auxílio e negando-se a isso.

  Chamou-me a atenção um senhor idoso, conhecido como Paulino, quase nosso vizinho, dando voltas diárias pela manhã. Muito carrancudo, cabisbaixo, sem cumprimentar ninguém, não respondendo quando era abordado, de mal com o mundo!

  Interessei-me por ele, sem saber bem por que, talvez alguma intuição ou vontade divina.  Coloquei-o em minhas preces e deixei-o nas mãos de Deus.

  Qual não foi minha surpresa quando, após algumas semanas, meses talvez, numa manhã, procurou-me querendo conversar. Atendi-o prontamente e escutei a sua história!

  Sempre fora um homem bom, honesto, trabalhador. Casara-se muito jovem com a mulher que achava ser dos seus sonhos, percebendo logo seu grande engano. Gênio terrível, reclamava de tudo, criticava-o em seus atos, nada a contentava ou satisfazia. Era fervorosa, frequentadora de igrejas, não colocando em prática o que ouvia! Não percebia seus erros, julgando-se sempre certa! Com o tempo, cansou-se dela, dormindo num quartinho dos fundos da casa, úmido e embolorado, sentindo-se feliz assim mesmo, pois lá, no seu canto, sentia paz!

  Acabou pegando uma arritmia cardíaca que o atormentava até dormindo e, de vez em quando, passava uns tempos internado no hospital local!

  Por incrível que pareça, adorava aquele ambiente, quando era bem tratado por pessoas delicadas e atraentes, não desejando ir embora.

  Numa dessas internações, começou a desejar que sua esposa, Dulce, morresse. Chocado consigo mesmo, pois, sempre teve bom coração, afastava esse pensamento, mas o inimigo de nossas almas, sempre à espreita de alguém, pois seu intuito é: matar, roubar ou destruir, fazia com que esse pensamento sempre voltasse!

  Paulino começou a invocar um anjo do mal, na realidade, um demônio, anjo caído e que faz o mal não é mais anjo. Apareceu-lhe um companheiro de quarto que mexia com obras malignas e era fazedor desses tipos de trabalhos. Pediu-lhe para fazer uma reza que causasse a morte de sua mulher! Não sentiu  remorso, tal era o rancor e a mágoa acumulados, que sentia de Dulce,  através dos anos!

  O mal também tem muita força nesse mundo, quando não nos apegamos ao bem! Paulino, chegando em casa, encontrou sua mulher caída,  vítima de um repentino ataque cardíaco,  sem socorro e atendimento. Morreu só!

  Sentiu um alívio enorme! Tomando as providências para enterrá-la com um leve sorriso nos lábios e uma conformação que espantou a todos os vizinhos e amigos. Mal sabiam o que ele sentia!
  Passados alguns meses, começou a não dormir direito, ter frequentes ataques de fúria, pesadelos incríveis com pessoas más querendo atingi-lo, feri-lo, ou usá-lo para seus serviços. Sua vida virou um inferno! A paz que tanto almejara, transformou-se em sentimentos de medo, remorso, angústia, depressão. Chegava a pensar em suicídio muitas vezes e pedia agora a Deus ou a seus anjos que o levasse também, como a Dulce.

  Estava explicado o seu comportamento estranho, pensei eu, conhecedor de tantos casos semelhantes a esse e já acreditando em sua transformação. Expliquei-lhe que, para limpar ou curar feridas, mágoas de corações, ações diabólicas feitas, só havia um caminho: arrependimento, pedido de perdão e mudança de atitude e caminho: Jesus Cristo! O único que perdoa o nosso passado, esquece o que fizemos e nos dá uma nova vida!

   Peguei uma Bíblia e mostrei-lhe várias passagens do apóstolo Paulo, narrando sua vida e transformação com sua fé em Cristo.

   Paulino, com lágrimas nos olhos, ajoelhou-se e pediu perdão a Deus pelos seus erros, desejando aumentar sua fé e mudar ardentemente seu coração, iniciando um processo de cura e libertação.

  Continuei lendo para ele: “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado por Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade!” (Ef 4: 22 a 24).

  Vi sair da igreja um homem diferente, alquebrado de dor e remorso, mas com  certa luz no olhar de esperança e renovação.


  O tempo também cura, bendito tempo criado por Deus! Paulino transformou-se em novo homem, auxiliando-me em  atendimentos de outros processos de  cura e libertação que haviam na região.

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