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quarta-feira, 4 de junho de 2014

O BOM PATRÃO - Maria Luiza C.Malina


O BOM PATRÃO
Maria Luiza C.Malina

As escavações de aprofundavam a cada dia, sob os olhares atentos de Oscar. Os mineiros, assíduos funcionários, vibravam com as esteiras recheadas de pedras.

Os olhos de Oscar deparam-se, à distância, com o brilho intenso de uma pedra cristalina que ofusca a visão. A cegueira lhe toma por uns instantes.

Ouve murmúrios indecifráveis. Ao tentar entendê-los, aparece-lhe um anjo, que o toma pelas mãos. Mostra-lhe como a um filme, a catástrofe que está por chegar. Aponta-lhe a pedra na esteira, sugerindo que isto lhe bastaria e, aos funcionários, pelo resto de suas vidas.

Sentando, com as mãos entre a cabeça, o torpor e a cegueira, aos poucos se esvai. Os mineiros, à sua volta, o chamam preocupados.

Oscar os observa com a alma enternecida, abraçando os mais próximos. Ordena que, rapidamente, depositem o material coletado nos veículos apropriados e que se retiram, o mais rápido possível, das proximidades.

Oscar ofegante transpira intensamente, não se afasta do local. Cronometra um tempo incerto do aviso, em forma de intuição. Ao término, reúne a equipe e lhes avisa que, a féria do dia fora muito boa, recompensa-os com a folga do restante da semana e pagamentos antecipados.

Alegres afastam-se. Uma grande explosão foi ouvida. O silêncio atônito paira no ar. Oscar cai de joelhos. Agradece aos desatentos murmúrios que lhe acompanhavam e não entendia.

A mina desativada é inundada. As pedras, em seu interior, refletem as asas de um anjo. Recebe o nome de GRUTA DO ANJO.



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