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sábado, 16 de abril de 2011

Correu pelo caminho nervoso ouvindo passos misteriosos que ardiam atrás dela - Dnah Ribeiro Amorim


 

“CORREU PELO CAMINHO NERVOSO, OUVINDO PASSOS MISTERIOSOS QUE ARDIAM ATRÁS DELA...”
Dinah Ribeiro de Amorim

 
Rosa ia ao seu primeiro baile! O famoso baile Branco do clube que freqüentava, quando todas as adolescentes seriam apresentadas.

Enquanto experimentava seu vestido novo, sonhava esperançosa! Espeta aqui, espeta ali, encurta a saia, afina a cintura esbelta, sentia-se incomodada com tanta alfinetação mas, feliz, na ansiedade da espera! Conheceria alguém?

A valsa, dançaria com seu pai, Sr. Osvaldo que, todo orgulhoso, mandara também fazer uma fatiota nova. Seu orgulho, sua filha, merecia isso. Iria apresentá-la a todos os amigos.

Quando chegou o dia, um sábado risonho e enluarado, saíram no carro reluzente que o pai mandara polir: Rosa, sua mãe Ana, toda apertada num vestido preto, Sr. Osvaldo e, Júlio, o irmão mais moço, que já sabia dar umas dançadas rápidas!

Estavam muito animados e foram os primeiros a chegar! Escolheram a melhor mesa, nem muito perto nem muito longe da orquestra.

Logo chegaram todos! Num instante, o salão se abarrotou. Uns riam alto, outros conversavam, cumprimentavam-se amigavelmente.

Rosa notou um rapaz, na mesa ao lado, que a fitava insistentemente...

Sentiu-se bela, atraente, uma jovem mulher...

Começou a música; a hora da valsa! Foi lindo! Parecia estar nas nuvens, toda de branco, bailando com seu pai.

Todos a olhavam com curiosidade e, o moço bonito, ao lado, flertava com ela, demoradamente.

Acabada a valsa e iniciando nova música, o rapaz veio tirá-la para dançar.

Tímida, em seu primeiro baile, de olhar cabisbaixo, segurou em sua mão e foi.

Dançaram a noite toda. Rosa, na sua inocência, apaixonou-se por ele.

Uma nova emoção! Um novo sentimento!

Amedrontada, percebeu que já era tarde e os seus pais se levantavam para ir. Despediu-se dele, rapidamente e “correu pelo caminho nervoso, ouvindo passos misteriosos que ardiam atrás dela”...

Era Eugênio, o seu par elegante, que trazia-lhe a bolsa esquecida na mesa, apressada ao sair.

Agradeceu-lhe atrapalhadamente e entrou no carro.

Quando chegou em casa, de olhos quebrados de sono pois já estava amanhecendo, abriu a bolsa e, surpresa, achou um bilhete que Eugênio havia deixado: seu nome, endereço, telefone e a frase: “Quer namorar comigo?”

Sorrindo, adormeceu!

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