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sexta-feira, 8 de abril de 2011

O encontro da Felicidade - Daisy Daghlian



O encontro da felicidade
Daisy Daghlian


Sofia percorria com seus tênis ágeis o caminho restante para chegar à escola.

Estava atrasada. Esbaforida, ocupou sua carteira sob o olhar marmóreo da professora. A prova foi distribuída. Aluna competente terminou antes da hora prevista.

Seu pensamento, voou para aquelas férias surpreendentes que havia passado na casa dos avós. Moravam numa cidadezinha bucólica, a casa antiga parecia parada no tempo. Na cozinha risonha, a avó preparava o almoço no fogão a lenha. O avô cuidava da horta. Pareciam felizes rodeados com todos aqueles apetrechos antiquados.

Após o almoço, delicioso, recostou-se na rede convidativa do terraço.

Passados cinco minutos a garota elétrica deu um salto , foi explorar a vizinhança como sempre.

Andou um bom pedaço até encontrar a sorveteria, onde sempre encontrava seus amigos de infância. Os jovens espalhavam-se pela calçada tornando a tarde florida e barulhenta.

Recebida com muita festa, abraçou e beijou a todos e aproveitaram para contar as novidades.

Sua atenção foi desviada, para o rapaz bonito e desconhecido, que lhe sorria, com olhos travessos, convidando-a para uma aproximação. Não se fez de rogada, andou em sua direção, esbarrando nele pediu desculpas, se apresentaram. Wagner era novo na cidade, havia herdado de parentes, a casa desengonçada que ficava em frente ao jardim. Estudava na Capital, passava um ou outro fim de semana ali. Por sorte haviam se encontrado. Pareciam velhos conhecidos, tanto tinham em comum. A tarde desmaiava. Combinou com ele e a turma, se encontrarem no clube à noite. Clarissa caminhou com ela um bom trecho. Foi contando que desde que Wagner aparecera na cidade, coisas estranhas vinham acontecendo, vários animais tinham sido encontrados mortos, sem causa aparente, o filho do padeiro havia desaparecido, o padre resmungava mais que de costume, plantas destroçadas pelas calçadas.

Algumas casas foram arrombadas. O delegado andava investigando.

A noite foi especial, dançou com alguns amigos, ficou mais com Wagner. A música adocicada e a luz terna fez com que o clima desenrolasse ardente, e no final ela levou-a para casa.

Passaram-se os dias e, eles cada vez mais conectados.

Certa noite, passeando pelo pomar na casa dos avós, sentiu arrepios de medo, ao ouvir os lamentos e uivos dos animais, o massacre tinha recomeçado. Apavorada, correu pelo caminho nervoso enquanto passos misteriosos ardiam atrás dela. Sem fôlego, trancou-se. Bateram na porta. Ninguém se mexeu. Bateram novamente, do lado de fora a voz do delegado chamou. Só então que abriram a porta.

Um grupo de homens armados seguravam dois bandidos pegos em flagrante praticando a barbárie. Agora, podiam ficar tranqüilos. No dia seguinte, não se falava de outra coisa na cidade. Os meliantes tinham confessado, que haviam sido contratados por um empresário, para assustar a população, queria comprar terras por preços irrisórios. Jorge, o filho do padeiro, voltou, tinha fugido de casa.

A paz reinou. A desconfiança contra Wagner, não tinha mais razão de ser.

Continuaram a se encontrar, cada vez se sentiam mais ligados. Voltando das férias, todos notaram seus olhos floridos. Confessou, estava apaixonada.

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