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sábado, 16 de abril de 2011

O furo de reportagem logrado - Dinah Ribeiro Amorim

O “FURO” DE REPORTAGEM LOGRADO.

( COMO UMA POBRE E DESCONHECIDA JORNALISTA BRASILEIRA VIU-SE DE REPENTE À FRENTE DE UMA NOTÍCIA BOMBÁSTICA...)
Dinah Ribeiro de Amorim

 

Nádia, no pequeno café, em Londres, estranha o comportamento de um jovem casal esquisito e reconhece no homem a figura importante do Conde de Villebond, íntimo da família real, que fotografara várias vezes no dia anterior, após a troca da guarda, entrando no palácio.

Quem seria a dama discreta, escondida através de um chapéu verde com abas caídas e um véu que lhe cobria totalmente o rosto?

Parece ser alguém importante na nobreza local pois, seu porte é o de uma rainha, embora discretamente vestida.

Nádia observa-os e prepara sua câmera para fotografá-los, sem que percebam.

Seu espírito de aventura e faro de repórter, impõe-se e logo prevê ali um “furo” jornalístico.

De repente, o Conde levanta levemente o véu de sua acompanhante, beijando-lhe os lábios e, sem querer, afasta o chapéu e descobre-lhe o rosto.

Flash! Nádia, estarrecida, percebe o rosto da mulher. Nada mais nada menos que... tem receio de pronunciar seu nome e trazê-la ao seu pensamento...

Seria mesmo ela que vira? Não fora impressão ou ilusão de ótica? O flash da máquina talvez revelasse...

O casal, sentindo-se fotografado pois, ouvira um leve estalido, pede a conta e sai apressadamente.

Nádia dá um tempo, reúne seu material e também sai, querendo chegar logo em casa, um sobrado que alugara, para estudos e averiguações.

Mal inicia sua caminhada, sente-se seguida por passos apressados.

Olha para trás e percebe dois homens, de terno e gravata, com jeito de seguranças, caminhando rápido atrás dela.

Começa a correr, muda o trajeto, entra em várias lojas, tentando despistá-los.

Que coisa! Era mesmo a mulher que pensara! Não bastou destruir casamentos anteriores? Que teria de tão diferente e excitante? Que atração exercia sobre os homens, fazendo-os cometer loucuras por ela, colocando a própria vida em risco? Nem bonita era...e já meio velha!

Quando achou que estava livre, saiu da loja de roupas aonde estava escondida e retomou o caminho de casa, com medo de ser abordada ou presa.

Foi cercada por guardas que lhe pediram seus documentos e que lhes entregasse a máquina.

Jornalista, em país estranho, resolveu obedecer mas pediu que a levassem até a Embaixada Brasileira.

Deixaram-na usar o celular e aconselharam-na que saísse do País, se não quisesse se meter em maiores encrencas!

Amedrontada, acompanhada por um secretário da embaixada, adido brasileiro no exterior, foi até sua casa, pegou seus pertences e rumou direto ao aeroporto.

Voltaria imediatamente ao Brasil, com esse segredo guardado pois, estava sem provas! Como poderia relatar algo? Com certeza seria acusada de falso testemunho!

Só mesmo inventando um conto, dando a entender o que descobriu como verdade...

Dependeria da esperteza ou perspicácia de quem o lesse...

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