FALTA DE AMOR MATA
Ivonéte Miranda
A pequena cidade estava invadida por rumores. Todos comentavam sobre o misterioso desaparecimento de muitas cabeças de gado e ninguém podia fazer nada senão rezar, pois a segurança estava restrita a um soldado.
Luciana saía da missa quando tropeçou em Mário e o jovem casal se deixou abandonar naquele banco. Ficaram ali de costas para a igreja e o novelo da conversa começou a se desenrolar junto com os olhares fogosos de ambos.
Parecia que havia se passado só um pinguinho de tempo quando soaram as badaladas denunciando ter chegado a meia-noite.
Na verdade o que nenhum dos dois percebeu foi que os ponteiros do relógio insistiram em correr.
Luciana então lembrou que a mãe havia dito para ela sair da missa e voltar para casa sem rodeios, pois o “bicho” que atacava a criação podia também atacá-la.
O casal trocou um rápido beijo na face e cada um foi para seu lado esbaforido.
Luciana passava pela lateral do cemitério, sentindo o coração massacrado pelo medo do desconhecido. “Corria pelo caminho nervoso enquanto passos misteriosos ardiam atrás dela”.
A moça pensou que ia desfalecer quando sentiu seu braço ser agarrado. As pernas de gelatina levaram Luciana ao chão.
Pouco depois a jovem sentiu a magia de uma mão tocando suavemente seu rosto e pensou que havia morrido.
Luciana abriu os olhos temerosos e viu que era o Mário que a acalentava.
Ela levantou em um pulo e antes que recuperasse a voz Mário levantou uma pulserinha e perguntou :
- É sua ? Logo que você saiu encontrei a pulseira dormindo ao lado do banco.
Antes que Luciana respondesse sentiu a pressão dos lábios de Mário contra os seus.
Daquele dia em diante não desapareceu mais nenhum animal, e conta a lenda que os desaparecimentos ocorriam em razão da falta de amor na cidade.
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