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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Acordes orgânicos - Jany Patricio


Acordes orgânicos
Jany Patricio
        
         Já faz algum tempo, perto de uma cachoeira, duas borboletas aproximaram-se das flores do campo e pousaram.

         - Babele, você está vendo ali próximo da queda cristalina?

         - Estou, Seli, que planta diferente nasceu ali!

         - Vamos olhar mais perto.

         - Não, tenho medo.

         - De quê?

         - Ouvi dizer que coisas estranhas estão acontecendo perto daquela cachoeira. 
Avistaram uma cigarra adentrando pelas frestas da rocha musgosa, e ninguém mais a viu sair.

         - Pode ser que ela tenha descoberto  um lugar mais bonito e tenha ficado  por lá.
         - Não sei. Tenho medo.

         - Deixa de ser medrosa, vamos descobrir coisas novas! Quem sabe tem um mundo encantado naquela rocha. Talvez existam coisas maravilhosas lá dentro.
         - Pode ser, porque aqui, as coisas não estão fáceis. Faz tempo que não chove, muitas fontes estão secando e as plantas sofrem a falta de água. – Está bem! Eu vou com você!

         Ao aproximarem-se da planta misteriosa, houve um pisca-pisca de luzes nos pistilos da flor, e como um imã, foram atraídas para traz da queda d’água e jogadas para um tubo amornado feito de cores fosforescentes.
         Caíram sobre uma relva macia, que tinha um brilho translúcido e sabor de caramelo.

         Ficaram estonteadas com a beleza e abundância da paragem.

         No céu, aves multicoloridas, com nuances douradas e prateadas.

         Mas, parecia que ia haver uma assembleia, pois todos os seres viventes se dirigiam para o mesmo local.

         - Veja Celi, a cigarra desaparecida!

         - Oi amigas corajosas! Chegaram na hora, vamos depressa, pois a natureza pede socorro!

         - Por que? O que aconteceu?

         - Não perceberam? - Disse a cigarra. Se nada for feito, o mundo de onde viemos, e este, desaparecerá.

         E seguiram para a assembleia.

         No centro, um anjo, de asas azuis e pele arroseada. Em sua volta, sete duendes, cada um tinha uma cor do arco-íris. Estavam no meio de um círculo de cristal, multifacetado.

         Acordes musicais inebriantes com aromas que iam do almíscar ao jasmim acariciaram os presentes que emboramente pareciam apreensivos.

         - Meus amigos, graças ao destemor de uma cigarra e duas borboletas, aqui presentes, vamos reverter a situação do planeta.

         As duas amigas se entreolharam surpreendidas, mas a cigarra estava cônscia e feliz, pois durante o tempo que ficou desaparecida recebeu do anjo uma varinha de condão e preceitos mágicos para preservar a natureza e iria voltar com as borboletas como escudeiras para o mundo de onde vieram.

         Despediram-se sob uma aclamação assembleia, e pela varinha de condão foram puxadas de volta para a cachoeira, sob os acordes do teclado do órgão intraterreno.

         Saíram resplandescentes, e até hoje são avistadas no céu, atrás do pirlimpimpim orgânico da varinha de condão, que faz renascer as fontes ao beijar o chão.
        

        
        


        
                  

                  
        


         

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