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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O sonido - Patricia Iasz


O sonido
Patricia Iasz

De vez em quando, um sonido vindo por entre as montanhas, atraía a atenção de Deco, ainda em seu quarto, surpreendido pelo sol que se aventurava em atravessar o vidro de sua janela. Percebia um assobio gostoso, como o tocar de uma flauta, a chamar-lhe para um brincar de esconde-esconde.

Mas quem poderia estar ali a chamar-lhe? – Pensava ele encucado. Sim. Todas as manhãs. Bem em meio às suas férias?

Ainda sobrepido em pijama de felpo, carregando a preguiça insistente pelos ombros mirrados. Descia feliz as escadas de madeira daquele chalé montanhez. O cheiro atraente do café da matita parecia beliscar-lhe o nareco, puxando-o para um abraço apertado na mãe distraída.

Bom dia! – sorria ele. E mal escutando a resposta materna,  já ia contando sobre o sonido vindo da montanha.

Era fininho, vindo bem de longe - dizia ele. E enquanto não abrisse a cortina, a musiqueta permanecia tocando feito uma flauta doce.

Sei que alguém está lá, mamãe. E quer brincar comigo. Sei disso!

Gentilmente, a mãe comentou:

Dá próxima vez que o sonido tocar, abra também a janela e grite bem alto: “Ei, você. Quer brincar comigo?” E espere a resposta.

Na manhã seguinte, assim que Deco chegou na cozinha. Contou alegremente que ouviu o sonido responder para ele. E ofegante completou:

  Mãe! Eu ouvi. O sonido gritou bem forte: “Ei, você. Quer brincar comigo?”

Neste dia, o café da manhã foi só gargalhada. A mãe descobrira que Deco fez amizade com o eco. O sonido vindo de longe, era a voz galopante do vento que trilhava valsavante por entre as enormes árvores.

O eco não se escondia mais. Deco o achou!





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