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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

VIGARIANICE - Paulo Rogério Pires de Miranda


VIGARIANICE
Paulo Rogério Pires de Miranda  

Tudo corria calmamente naquela manhã que se fazia espreguiceira nos campos de trigais. De repente um arrolharar desritmizado quebrou o silêncio afogado que reinava naquele lugar. Eram duas rolinhas que disputavam uma minhoca que saíra da sua toca para bronzear-se ao sol.

Chulapetada daqui, chulapetada de lá, cada rolinha saltiteava uma pra cima da outra para ver quem ficaria com aquele bom bocado.

Nesse temporal disputativo, de camarote em cima dum cupinzeiro, um anu preto espreitava e dizia para si mesmo: “vou dar um golpe de mestre nesse entrevero”.

Empostando o papo, dirigindo-se às duas rolinhas disse-lhes: “Por que não param de algazarrarem-se e resolvam-se mais discernididamente? Sugiro que façam uma disputação. Quem chegar mais rápido naquela porteira lá encima que fique com o bom bocado para si.”

E assim fizeram: pararam a arrulhação.

O anu pondo-se de juiz diz: “empareiem-se e ao meu comando azulem para a porteira.” Assim feito ele gritou: “já”.

Enquanto as duas rolinhas como um bólido voavam para a porteira o anu numa rápida voança foi pra cima da minhoca e a embicou com rapidez levando-a para o seu ninho, garantindo assim a refeição da sua ninhada.

Quando lá da porteira as duas rolinhas perceberam que foram ludibriadas olharam-se com cara de sonsas e cada qual voou para um lado.


Moral da história: “Briga não enche barriga. Melhor é dividir do que na vigarianice cair.”

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