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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Contando estrelas - Jany Patricio


Contando estrelas
Jany Patricio

Era noite de São João. Labaredas subiam e fogos de artifício riscavam o céu na pequena, mas movimentada cidade de Cícero Dantas no sertão nordestino.

Crianças corriam em torno das chamas trepidantes da fogueira  divertindo-se ao som das biribinhas  atiradas ao chão empoeirado.

Delicioso cheiro das castanhas e batatas doces, que assavam nas brasas, invadia o ambiente.

Bandeirolas tremulavam, e balões cintilavam no céu junto com as estrelas.

Ao   som da sanfona, do triângulo e do pandeiro o arrasta-pé corria solto na praça.

Debruçada no beiral da janela de sua casa, Joana admirava a festança e observava o céu chamuscado de estrelas. As três Marias e o Cruzeiro do Sul eram as suas preferidas.

Então, pegou as varetas de chuva de prata, que ganhou do seu avô, e foi brincar na festa com as outras crianças. Ela acendia as varetas e riscava o ar, de onde brotavam estrelas que brilhavam como a alegria dos seus olhos.

Mais tarde, quando só restavam  brasas, era de praxe pular as fogueiras.

Joana via encantada, as pessoas pulando e ficava com uma enorme vontade de pular também. Estava hipnotizada pelas últimas chamas que subiam alegremente, e aos poucos foi se aproximando do fogo.

Enquanto isso, seus pais e tios estavam animados dançando o forró.

Ela foi chegando mais e mais perto da fogueira, mas antes de dar o impulso para pular, olhou para o céu.

Que espetáculo! As três Marias vinham ao seu encontro, na forma de fadas! 

Vestidas cada uma de uma cor: amarelo, azul e vermelho. E traziam uma varinha parecida com as varetas que ganhou do seu avô. Desciam em caracol, traçando o desenho de uma escada no céu.

Disseram para ela esperar um pouco, pois queriam abraça-la para pularem juntas a fogueira. E ela inebriada admirava a trajetória das fadinhas.

O seu avô, que balançava na rede, percebeu a intenção da menina. 

Aproximou-se devagarinho e suavemente segurou sua mão.

Ela sorriu e contou a ele sobre as fadinhas, que agora brincavam de roda sobre a fogueira. Sorriram para ela e subiram como um foguete voltando a brilhar no firmamento.


Feliz, Joana abraçou seu avô, que lhe ofereceu uma saborosa castanha de caju e algodão doce.

Um comentário:

stella tapia disse...

Parabéns pelo conto que nos faz relembrar os momentos alegres de nossa infância