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quinta-feira, 17 de junho de 2010

A Princesa e o Sapo - Cida Bianchini


A PRINCESA E O SONHO
Cida Bianchini


Era uma vez uma menina que gostava de sonhar, talvez fosse a maneira que ela encontrava para fugir da realidade em que vivia.

Seus sonhos ultrapassavam os limites do raciocínio lógico, à uma criança na sua idade.

Velejava pelos mares, atravessando oceanos, aprendendo novas línguas, convivendo com pessoas diferentes, ao ancorar em países que nunca ouvira falar.

Um dia, como de praxe, sentada à sombra de uma árvore, lugar preferido para decolar rumo ao sonho, deliciava-se com as aventuras aceleradas pela fértil imaginação.

Descalça, cabelos despenteados, shorts um pouco sujo, amparando a blusa colorida, um tanto longa, numa aparência desengonçada.

Olhar perdido nos carneirinhos que pastavam ao seu redor, sem percebe-los.

O sol despejava seus raios sem piedade, tingindo os vários tons de verde num cenário perfeito ao se contrastar com os olhos azuis, destaque daquele rosto bonito da criança que não sabia exatamente o tamanho da sua beleza, assim como da sua pobreza.

Bela, nome de batismo, fazia jus ao seu encantamento.

O cenário era perfeito para uma longa viagem. Já acomodada no avião, esperando em instantes atravessar as nuvens e poder olhar do alto a paisagem que a fascinava, teve uma surpresa. A viagem foi interrompida. Desceu do sonho e se deparou com uma realidade de sabor infinitamente melhor que todos os sonhos já sonhados.

Uam, garoto de mais ou menos sua idade, estava parado diante dela, feito uma estátua. Permaneceu por longo tempo, sem dizer nada, apenas a fita-la.

Bela sentiu pela primeira vez o sabor da vida. Era tão verdadeiro aquele momento que até podia toca-lo, senti-lo, beija-lo... Meu Deus, que loucura, pensou ela,

E para Uam, também a recíproca era verdadeira.

O menino buscou forças e conseguiu comunicar-se através de gestos e de algumas palavras que aprendera, mas se confundiam com seu idioma europeu.

A comunicação maior foi através de olhares...Estes sim, falaram forte, tão forte que ficou imprimido em cada coração, o propósito do verdadeiro amor.

O tempo passou...

Bela já adolescente, conservava a beleza angelical da criança que de tanto encantamento, conquistou o coração de um príncipe.

E numa tarde qualquer voltou a sombra da árvore, testemunha única de uma promessa de amor.

Foi recebida com sorriso das flores que se abriam para anunciar a chegada da primavera.

A saudade bateu forte.

Sentou-se no mesmo lugar, que há mais de uma década vivera a verdadeira felicidade.

Enquanto desfolhava o galho do bem me quer, percebeu a chegada de alguém caminhando por entre os campos em sua direção.

A princípio ficou surpresa, quem visitaria aquele lugar bucólico, que nada tinha a oferecer a não ser a ela o divã de seus sonhos...

Uam também não havia mudado. Conservava a beleza de criança e aprimorara o estilo de monarca.

Abraçaram-se, beijaram-se longamente. Uam tomou Bela em seus braços levou-a para o seu castelo.

Bela atravessou os mares para morar num palácio, casando-se com o lindo príncipe, herdeiro do trono real.

Já não era mais sonho, era realidade...

Bela e Uam foram felizes para sempre.

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