BLOG NOVO: CONTOS DO ICAL


quinta-feira, 11 de abril de 2013

CAVALHEIRO INCÓGNITA - Carmen Lucia Raso



CAVALHEIRO  INCÓGNITA
Carmen Lucia Raso


Ao final de algumas tardes gostava de pescar no  tranquilo açude que ficava pela vizinhança. Ia com certa frequência, e via passar uma camionete guiada por um perfil bonito de homem. Um deus grego. Sempre com a cabeça coberta por um boné.

Tinha curiosidade de saber aonde iria aquele cavalheiro motorizado. Estaria voltando do trabalho, visitando algum amigo, parente ou a mãe? Passei a ir para  o açude sem ter tanto interesse nos peixes, mas apenas em vê-lo passar pela estradinha quase deserta.

Há  meses, eu o via passar e sonhava com o ilustre desconhecido.

Imaginava-o parando para sentar ao meu lado, sentia seu cheiro, imaginava sua voz.

Até que um dia aconteceu, como se um gênio atendesse meus desejos. Ele estacionou  perto de onde eu estava, olhou de maneira cautelosa para os lados, e desceu. Seguiu devagar,  caminhando em minha direção.  Meu coração saltava no peito. Fiquei embaraçada de vê-lo de tão perto.

-Posso me sentar ao seu lado e pescar com você?”

-“Sim, nobre senhor!” pensei comigo e ainda: “É mais bonito de perto que de longe.” Ele tinha uma conversa boa e risonha. E aos poucos estávamos falando de nós e pescando,  como velhos amigos.

Minhas dúvidas se esclareciam aos poucos. Não havia amigos, parente e nem a mãe morando por perto, passara um dia por ali por engano e isto virou uma constante. Pesquei logo, eu ia ao açude para vê-lo passar, e ele passava por lá para ver-me pescar.  Confirmou-se então  o motivo de usar aquela estradinha ao lado do açude... Com certeza havia motivo suficiente para passar por aquela estrada!!!

Nenhum comentário: