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segunda-feira, 29 de abril de 2013

O ALFAIATE - Carmen Lucia Raso


 


O ALFAIATE
Carmen Lucia Raso

Ele estava sentado sobre um tapete estendido na grama do seu quintal.

Fizera muito frio a noite e dentro de casa não estava nada quente. Precisava se aquecer.

O trabalho dependia de suas mãos e os dedos estavam esticados e duros. 

Pegou uma caneca de café preto, como era de costume e foi tomando golinhos até o final.

Seu pequeno basset pretinho, que não era nada agitado deitou-se ao seu lado comendo um biscoito canino. Deliciavam-se cada um com seu pré-desjejum e Pedro pensava em como fora sua vida até então, não fora nada fácil.

Homem sério, responsável e justo gostava do que fazia e agora com idade avançada, filhos formados, já tinha até netos e morava naquela casa que construíra com agulhas, máquina e dedal.

Sua mulher gritou da janela: -“Venha Pedro, o café está na mesa!” meio exclamando e meio mandando.

Levantando-se, o homem  foi para a copa tomar seu café nada completo, com frutas,cereais, pães, queijos, frios e café com leite e para completar, como sempre, o casal discursava sobre a família, compras, o trabalho e quem viria para o almoço.

Terminado o desjejum Pedro dirigiu-se à sua sala. Ele tinha de entregar um terno ainda naquele dia, o empresário vinha buscá-lo para levar a uma viagem de negócios.

Terminou seu trabalho nada minucioso e como de costume pendurou no cabide personalizado que de praxe dava aos clientes.

Feliz da vida por terminar mais uma tarefa, coçou a cabeça calva, deslizou os dedos sobre o farto bigode e pensou: “-Minha vida não foi nada fácil, mas tudo vale a pena “ “-Minha mulher não é nada calma, mas é a minha companheira!” e ainda: “-Meus filhos e meus netos são o prêmio que recebi do Universo”.

Homenagem ao meu querido e ido sogro.

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