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quinta-feira, 11 de abril de 2013

NAQUELA TARDE, NUNCA É TARDE - Carmen Lucia Raso



NAQUELA TARDE, NUNCA É TARDE
Carmen Lucia Raso

E sobre aquela tarde...

Era tão tarde! Problemas a parte,  resolvi caminhar naquele parque perto de casa. Tinha que espairecer. Isso que me fazia tão bem! Foi quando me deparei com o casal, de idade avançada, chorando e se abraçando.

Olhei para a cena tão comovente, emocionante e me perguntei o que estaria acontecendo. Achei que podia ajuda-los. A passos lentos, miúdos,   me aproximei.  Eles olharam-me nos olhos como se quisessem repartir o momento, e me deixei envolver pela situação.

Percebi que não havia dor nas lágrimas deles, elas pareciam ser de felicidade, de alívio até. Tinham necessidade de contar-me suas histórias.

Ha cinco décadas que não se encontravam ou se viam,  nem  se falavam. Foram separados pelos pais quando namoraram na juventude. Depois disso foram separados também pela vida e pelas circunstâncias. Cada um seguiu seu caminho.
O amor nunca morreu no coração de ambos, apenas permaneceu guardado em lugar seguro. Jamais um esquecera o outro.

Cinquenta anos depois, ele já tinha bisnetos. Estava viúvo. Ela também.

Com mais de 70 anos encontraram-se num encontro ou reencontro de almas. Felizes, pretendem resgatar aquele grande amor. É por isso que choravam. Choravam de amor!

E eu achava que isto só acontecia em filmes e contos de fada.

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