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terça-feira, 19 de março de 2013

Sorrir para a vida - Jany Patricio




Sorrir para a vida
Jany Patricio

            Todas as manhãs Alfredo  recebia em sua mercearia o pão quentinho, deixado pelo entregador da padaria e em seguida abria suas portas para atender os seus fregueses.

            Pedrinho, nos seus passos rápidos, sorriso franco e olhar esperto aparecia sempre para comprar o pão e o leite.  Passava pela prateleira de doces, olhava, mas nunca levava nenhum.

            Um pouco mais tarde ele sempre era visto passando com sua maleta escolar pela calçada da mercearia e seguia feliz.    Voltava da escola por volta do meio-dia.     

            Um dia, Alfredo, percebendo que o garoto sempre passava com um olhar fixo nas prateleiras, o chamou e ofereceu-lhe um dos seus doces, mas, para sua surpresa o garoto recusou o presente.

            Naquela mesma tarde Pedrinho passou contente levando uma caixa de engraxar sapatos nas costas e sentou-se na praça, onde começou a atender os seus primeiros clientes.

Conversava muito com todos e tornou-se conhecido e querido na região.

            Passaram-se alguns anos  naquela rotina, sendo que algumas vezes Pedrinho, além do pão e leite, também comprava doces na mercearia.

            Até que um dia Pedrinho veio se despedir do seu Alfredo, dizendo que ia mudar de bairro. Seu pai tinha conseguido um emprego melhor e ele iria trabalhar como aprendiz na mesma fábrica que o seu pai. Ele estava radiante!

            Depois de muito tempo, tendo a mercearia se transformado num minimercado,  apareceu um homem, vestido de terno e gravata, com uma pasta na mão, procurando pelo senhor Alfredo.

            - Bom dia, senhor, disse com um sorriso largo conquistando logo a simpatia do Senhor. Alfredo.

            - Bom dia, em que posso ajudá-lo? Respondeu.

            - Vim mostrar-lhe estes doces, são muito gostosos e da maior qualidade, disse sorrindo.

            - Meu amigo, eu já conheço estes doces, e sei que eles têm  muita saída aqui no mercado. Mas, por um acaso, eu já não o conheço de algum lugar?

            - Sim, disse com ar maroto - eu sou o Pedrinho, já morei neste bairro.

            - Meu Deus! O filho do senhor Francisco, que satisfação em vê-lo. Sente-se aqui, vamos tomar um café.

            E conversaram alegremente, recordando os velhos tempos.

            - Então o amigo agora é vendedor desta empresa! Disse o senhor Alfredo.

            - Eu era, até um mês atrás. Agora sou o novo sócio, mas às vezes faço questão de visitar pessoalmente os clientes.

            Que maravilha! E continua com o mesmo sorriso de quando era menino Isto confirma que o grande homem é aquele que não perde a candura de sua infância.

           
            

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