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quinta-feira, 1 de maio de 2014

A ESTAÇÃO E SUAS HISTÓRIAS! - Dinah Ribeiro de Amorim


A ESTAÇÃO E SUAS HISTÓRIAS!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Costumo passear a tardezinha, pela minha cidade pequena, interessante, gostosa, descansando os pés na humilde estação de trem, com seus horários de intervalos longos, observando pessoas indo e vindo. O apito do trem é emocionante, trazendo novidades, caras novas, gente amiga ou não.

  Numa dessas tardes, estando sentada e meditando nos rumos que as nossas vidas tomam,  lembrando fatos antigos, o trem apita ao longe avisando a hora da chegada. Minha atenção se volta para ele, louca para ver quem chega ou vai!

  Curiosa, percebo um homem bem vestido, estranho, que desce meio indeciso, olhar esgazeado, não se fixando em nenhum ponto determinado. Aparenta juventude ainda, mas seu caminhar é lento, sem pressa, não sabendo direito se vai ou fica.

  Chama a atenção de quem o observa e é morador antigo da cidade.

  De repente, encaminha-se para os trilhos do trem, obedecendo-o. Obedecer as linhas da estrada de ferro parece ser decisão mais certa. Estranho! Não deve ter mesmo para onde ir. Bolsos cheios, recheados de dinheiro, percebe-se quando coloca a mão e conta suas notas. Para um pouco, abre o paletó, retira de dentro uma carteira e confere cartões de crédito, como se estivesse preocupado em perdê-los.

  Com certeza, algo estranho se passa com ele! Preocupada, chamo o chefe da estação e o aponto, como lugar de perigo para andar.

  Pacientemente, nosso dirigente segue até ele e o traz de volta, afirmando que informará a família sobre sua chegada. Fico sabendo, então, que acabara de sair de um sanatório, obtendo alta e voltando para casa. Pertence a uma família conhecida na cidade e passou por uma ameaça de sequestro, tendo sofrido um abalo nervoso e sido internado às pressas!

  Isso explicava seu comportamento estranho, olhar distraído, indecisão ao voltar.
  Compadecida, interessei-me por ele, achando que daria uma boa história! Tive vontade enorme de conhecê-lo melhor!

  Gosto muito de escrever e isso seria um conto atual no mundo de hoje, nas grandes cidades.


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