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sábado, 24 de maio de 2014

O ANJO DA GRUTA - Cida Bianchini

O ANJO DA GRUTA
Cida Bianchini


Apesar da gravidez de risco, Ester não se poupava em levar uma vida normal. Festas, viagens tudo aquilo que sempre lhe dava muito prazer. Num fim de semana qualquer acompanhou o marido a um lugar turístico, que exibia uma gruta conhecida como gruta do Anjo. Na verdade o interesse de Bruno não era bem turístico, como geólogo estudioso era importante conhecer para começar uma possível pesquisa sobre aquele tipo de pedra tão comentado.

Ester ficou fascinada pelo local. A pedra exibia-se qual deusa sobre as águas azuis e cristalinas. Mais parecia uma pedra preciosa. Sentados meio de mau jeito numa pequena elevação de terra mantendo os pés nas águas, o casal ouvia atentamente a história contada pelo guia de uma excursão que acabara de chegar.

“A Gruta é artificial, porém as imagens que se formaram são consequências das explosões de dinamite ao longo do tempo. Estas imagens encravadas nas rochas lembram diversas formas que incluem a de um Jacaré e a famosa imagem de um Anjo”, explicava o guia. Todas foram mostradas através de monitores com a ajuda de um laser, assim puderam ver as imagens nas paredes da gruta.

Apesar de cética, Ester ficou impressionada com as histórias que ouviu. Havia gente afirmando com uma crença e fé inabalável da presença viva de um Anjo, mas ela não acreditou e sorriu com desdém.

Ainda dentro da gruta, Ester sentiu prematuramente as dores de parto. A falta de médico e local apropriado, para o parto emergencial, era certa a morte da mãe e do bebê. No entanto inesperadamente apareceu uma jovem linda, roupas esvoaçantes pés descalças, cabelos longos brincando com o vento. Aproximou-se da parturiente sem dizer nenhuma palavra, tirou seu manto transparente cobriu-a, tocou seu ventre e o bebê esboçou seu primeiro choro.   

Tudo aconteceu tão de repente, tão rápido, que pasmou a todos. Antes de partir sussurrou no ouvido de Ester. Não desdenhe, Anjos existem sim...


Enquanto os olhares se voltaram para o recém-nascido, um vento forte soprou levando a linda mulher com roupas esvoaçantes e cabelos desordenados por entre as nuvens.

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