BLOG NOVO: CONTOS DO ICAL


quinta-feira, 1 de maio de 2014

NEM TUDO É SONHO! - Dinah Ribeiro de Amorim




NEM TUDO É SONHO!
   Dinah Ribeiro de Amorim

  Rita, era uma dedicada  estudante de artes quando teve seu momento de glória ao receber bolsa para estudar na Itália nas históricas cidades de  Roma, Firenze, Veneza, Verona.

  Encantada, começou pela Antiguidade de Roma, por suas muralhas e construções que ainda resistiam.

Juntou-se a um grupo de excursionistas, liderados por um guia. Caminharam muito, sob sol escaldante, e, absorta que estava, perdeu-se da turma. Enveredou por uma rua estreita à procura de seu grupo. Quanto mais andava, mais se perdia. Terminou defronte a uma pesada porta de ferro, ladeada por velhas e altas paredes com janelas aparentemente bem fechadas.

  Ao tentar entrar a porta não ofereceu nenhuma resistência.  Lembrava um antigo convento, um lugar escuro repleto de celas gradeadas.

Movida pela curiosidade, caminhou um pouco mais, e notou grande vazio, paredes esburacadas, ar rarefeito, com pouca ventilação. O odor de mofo tomava conta do ambiente. De repente, lhe veio a ideia de que parecia mesmo uma prisão, e não convento. Ao fundo, via-se uma escada e uma réstia de  luz, que vinha do andar de baixo. Impulsionada pelo desejo de saber mais sobre aquele estranho lugar, desceu lentamente as escadas de pedras gastas, viu que era um salão repleto de máquinas e objetos de tortura, por todos os lados.

  Ouviam-se vozes que vinham de longe, gemendo, chorando. Ruídos identificados como sendo de correntes que se agitavam, e barulhos de algemas.

  Assustadoras,  as vozes gritavam como se a pele estivesse queimando ou a carne perfurada por lanças pontiagudas. Outras, de outro lado, gargalhavam satisfeitas.

  Rita estava com medo, e tinha vontade de correr dali. Mas ouviu o forte estrondo da porta que batera, fechando-se.

  Seu rosto molhou de suor. Ela precisava correr.

  Mas, mãos invisíveis a seguravam, impedindo-a de se mover.

  Lembrou-se do crucifixo dado por sua mãe que sempre trazia ao pescoço e, segurando-o com força,  fez uma oração.

  Passados alguns minutos que lhe pareceram séculos, Rita conseguiu andar em direção à escada e chegou ao andar superior.

  Trêmula, percebeu uma fresta numa das velhas janelas. Forçou-a e a janela se abriu. Rita pulou imediatamente o balcão e seguiu trôpega para a rua.

  Encontrou seu grupo preocupado. Os colegas vieram logo procurá-la.

  Diante de seu nervosismo e espanto, afirmou o guia que aquilo fora mesmo uma prisão antiga, com torturadores agindo em nome do poder. Um cemitério de pessoas vivas  na Antiguidade!

  No dia seguinte, Rita ainda estava muito triste e preferiu descansar no hotel, restabelecendo-se do susto que levara! Seu amor à antiguidade havia sofrido um baque e, de repente, lhe veio uma vontade enorme de voltar ao Brasil.

  Nesse período, conheceu Pietro, um charmoso italiano, também estudante de artes, que já havia tido as mesmas experiências que ela na velha prisão e, isso, confortou-a um pouco. Disse ele ser normal o que ela havia escutado! Isso acontecia com todos que a visitavam –na pela primeira vez. O lugar era maldito, mesmo!
                                                             


Nenhum comentário: