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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CORRENDO DE MEDO NO MEIO DA PLANTAÇÃO - Dinah Ribeiro Amorim


CORRENDO DE MEDO NO MEIO DA PLANTAÇÃO...
Dinah Ribeiro Amorim

  A tarde se ia tranqüila, o Sol já descia no horizonte, o céu avermelhado  apresentava sombras escuras, estava anoitecendo...
  As crianças brincavam na varanda da casa, Tonico, Bia e Joãozinho, que vieram passar as férias na fazenda do avô, um plantador de laranjas!
  Geralmente, brincavam até a hora do jantar, quando vovó vinha chamá-los para o banho, jantar e cama. Costumavam acordar cedo!
  Estavam alegres e entretidos numa brincadeira de esconde-esconde, aproveitando que a entrada da casa era cheia de escadas, muros, parapeitos, portas e janelas.Toda em azul e branco, com chão azulejado de quadrados marrons!
  Tonico, de uns nove anos mais ou menos, menino forte e moreno, trajava roupas simples, camiseta branca e bermuda verde, com uma bota velha emprestada de um amigo. Seu nome era Antonio Carlos e já estava na 5ª.série.
  Bia, de cabelos louros, amarrados por um laço vermelho, atrás da cabeça, trajava vestido azul claro com babados e um tênis branco. Aparentava uns dez anos e estava na 7ª. Série. Era bem adiantada.
  Joãozinho, o menor deles, era o mais bonito. Cabelos escuros e olhos azuis, muito tranqüilos, não era nem magro nem gordo, estando saudável para a sua idade. Vestia-se bem, camisa xadrez, calça jeans, nos pés um tênis azul-marinho, deveria ter mais ou menos uns sete anos!
  Gostavam de visitar os avós na fazenda e passavam lá sempre saudosas férias!
  O movimento da fazenda, o trabalho dos colonos na plantação, o barulho das ajudantes da vovó na cozinha e na casa, era uma alegria para eles!
  O ar puro, o colorido verde das árvores e a variação das folhas e flores, deixavam-nos calmos e felizes!
  Quando voltavam para casa, seus pais quase nem os reconheciam. Pareciam novas crianças! Eram irmãos.
  Nessa tarde que já se ia, quase escura, com o Sol ainda lançando raios brilhantes sobre o laranjal, fazendo as laranjas nos pés refletirem uma cor amarelo-dourada, que chamou a atenção das crianças, resolveram mudar de local e brincar de esconde-esconde, no meio da plantação.
  No início, foi fácil, corriam velozmente por entre os pés, descobrindo logo aonde o outro se escondia.
  Não perceberam que a noite veio e, com ela, tudo escureceu, transformou-se ...
  Só havia uma Lua alta no céu e estrelas faiscantes, cujas faíscas não chegavam até a Terra! Dos caminhos entre os pés de laranjas, já nada se via!
  Os meninos, amedrontados, gritavam o nome um do outro: Bia, Tonico, Joãozinho...Sabiam que estavam perto um do outro pela voz e falavam alto o tempo todo.
  Como voltar para casa nessas condições? Era difícil achar o retorno!
  Procuravam estar sempre juntos! Seria mais fácil achá-los ou decidirem o que fazer!
  Rodaram, rodaram, procuraram avistar a luz da fazenda, alguma coisa que os encaminhasse para casa.
  Já estavam quase desistindo, esperando o dia amanhecer, quando viram ou ouviram algo se mexer perto deles.
  Olharam ansiosos e se depararam com dois olhos brilhantes, escuros, no meio da plantação. Ficaram apavorados, paralisados inicialmente de terror, ainda mais quando notaram que a “coisa” também se assustou com eles, e aumentou ou dobrou de tamanho... Aí, então, é que reagiram, dando uma corrida amedrontadora por entre a plantação, meio sem rumo, para fugirem da “coisa”!
  Por medo, proteção ou sabe Deus lá o quê, foram dar na entrada da fazenda, voltando para casa!
  Os avós aflitos, deram Graças a Deus por eles terem aparecido e, depois, gostosas gargalhadas, quando perceberam que a “coisa” que os fez correr tão rápido, era o bichano da vovó que saíra atrás deles.
  Tonico, Bia e Joãozinho, quando anoitecia,já ficavam rodeando os avós, sem pensar em se afastar deles. Não iriam mais à plantação de laranjas, no escuro!

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