LILICA E A CEGONHA
Carmen Lúcia Raso
No silêncio de seu vôo, a cegonha Dona Mater dizia:- Ora, ora, estamos chegando ao local de entrega, será mesmo neste lugar?
Agora, pousou com muito carinho no galho de uma árvore e procura a casa onde tem de entregar os recém-nascidos, na região onde Lilica mora, pois foi dali que partiram os pedidos.
-Olha pessoal, é Dona Mater que está pousada naquela árvore, não é? E parece que tem dois embrulhos presos às suas asas! Lilica, seus irmãos e vovó Carolina observavam da varanda, aquela grande ave branca de bico pontudo, pernas longas e claras como a própria ave.
Na ponta de seu bico segurava um tecido branco, que parecia segurar os nenês. O céu ao fundo, azulado, com algumas nuvens, não chegava a se confundir com aquela cena tão maravilhosa.
Ai! Exclamava Lilica, será que desta vez a Dona Mater vai descer por aqui em nossa casa?
E seu irmão respondeu:
-Só se for por engano, menina. Você não ouviu o papai e a mamãe dizerem outro dia que iam ficar só com nós três, pois preferem nos criar muito bem, dando condições pra que a gente possa ser educado e ter muita saúde e eles tenham tempo de nos cuidar?
Dona Mater, do alto falou: com sua voz delicada.
-Ei família da Lilica, onde fica a casa de Dona Candinha e Seu Rubens? É que eles encomendaram dois meninos e sei que moram por aqui, pois tenho de entregá-los logo, antes que as crianças acordem!
-Ah Dona Cegonha, é aqui perto!
-Espere aí que vamos levá-la até eles. Siga-nos que chegaremos num instante! E Lilica e seus irmãos, cortando caminho pelo chão chegaram rapidamente à casa dos futuros pais dos nenês e Dona Mater, atravessando pelo ar chegou junto co eles.
Quando entraram todos na casa encontraram faixas que dizia: “Sejam bem-vindos, Samuel e Daniel, amamos vocês”. Lilica e seus irmãos ajudaram Dona Candinha a amparar, limpar e troca-los, deixando-os enrolados, bem quentinhos.
Dona Candinha alimentou-os em seu peito quente e carinhoso, fazendo com que se sentissem confortáveis e queridos.
Emocionada, a cegonha despediu-se deixando ali estas duas crianças que vieram do céu por entre suas asas grandes e delicadas para que cumprissem sua missão junto à esta família tão querida. Então as abençoou e saiu depressa, pois havia muitas encomendas a serem entregues naquele mesmo dia. Voou alto mesclando-se às nuvens da mesma cor e sumiu.
Lilica, seus irmãos e os pais dos nenês olhavam através das grandes janelas daquela casa, fazendo sinal num misto de encantamento, gratidão e despedida.
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