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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A notícia correu destrambelhada - Patricia Iasz



A notícia correu destrambelhada
Patricia Iasz

         O tempo de espera para que a lotérica abrisse ainda era longo, porém, todos davam por certo que seu Hipólito era o mais novo velhinho milionário da cidade. Em poucas horas já resgatara inúmeros amigos e todos nem se quer lembravam das desavenças do passado. Durante todo fim de tarde e noite adentro recebeu visitas e mais visitas de cordialidade. Todas revestidas de sorrisos e tapinhas nas costas mas finalizadas com conversas que rodeavam algum desabafo de dificuldade. A alegria do idoso era tamanha que mal se deu conta do tamanho interesse existente em gesto de delicadeza. 

         Nesta madrugada dormira pouco e assim que o sol despontara, seu Hipólito correra para a frente da loteria a fim de ser o primeiro a ser atendido quando esta se abrisse. Uma expectativa e tanto para alguém que frequenta as fases da senilidade.

         Chegada a hora mais importante para a ansiedade do velho. A lotérica já estava funcionando quando ele acabara de ser chamado para averiguação do bilhete. Alguns minutos de silêncio o incomodaram como eternidade até ouvir da balconista o anuncio.

         Muitos eram os curiosos à sua volta e todos com igual atenção, estavam ligados à pronuncia daquelas poucas palavras. Uma desconhecida é que iria puxar os ânimos de todos às comemorações alvoroçosas.

         E foi exatamente o que acontecera. A agitação tomou conta da rua assim que vira o velho cair duro em frente a calçada. Ele não suportara a notícia. Neste instante, a platéia ficara desnorteados. Ninguém mais sabia se socorria o velho ou se conferiam o resultado do bilhete amassado da mão do falecido. Até que um cidadão grita afoito em meio ao povo:


– Este bilhete não está premiado! O velho morreu mesmo foi de decepção. E todos o abandonaram ali inerte até que a policia chegasse para levá-lo ao necrotério.

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