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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Capítulo seguinte - Patricia Iasz



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Patricia Iasz

         O irmão de Flávia não conseguira suportar a tragédia. Moça tão jovem, morta num acidente automobilístico nada convencional e envolta numa história cruel de crime passional onde seu ex-marido tirara, à facada, a vida do amante.      
         Para Péricles, era insuportável a sensação de vazio deixado pela irmã. A cada dia que ela se ausentava, a alma dele remoía uma vingança contínua e crescente contra o suposto crimino. Não fora com a cara do ex-cunhado desde os tempos de namoro. É que algo nele sugeria frieza e obsessão.

         Naquela tarde, próximo ao findar do dia, Pericles guardara, na parte de trás do cós do jeans, uma arma calibre 38. Iria então visitar o ex-cunhado na delegacia afim de uma última e franca conversa. Como já era conhecido do delegado, passou pela portaria sem ao menos ser revistado. E alí no corredor 3, bem em frete à cela 24 parou diante do assassino. Não balbuciou palavra alguma, só o seu olhar raivoso fitava-o com veemência.

         Para Péricles, o ex-cunhado agora estava indefeso, tal qual ao que  acontecera com sua irmã no dia do acidente. E vendo-o incapacitado da fuga, num tempo onde ambos se encontravam à sós, sacou a arma da cintura e num movimento instantâneo, mirou-a ao agressor puxando o gatilho. O projétil saíra apenas com um ruído baixo e sufocado pois trafegara por  um silenciador acoplado ao revólver. Um NÃO forte ecoou como grito da boca do ferido quando a bala atingira em cheio no lado esquerdo do peito do indivíduo. O impacto certeiro fizera com que a vítima se chocasse contra a parede e esta, mostrara um rastro de sangue conforme o corpo escorregava pelo concreto frio. Ainda quente estava o corpo quando se esticara no chão. Uma poça vermelha se acumulara no piso e o macacão azul usado pelo recluso, enegreceu pelo líquido jorrado.  

         Péricles em pé e inerte diante do morto, apenas sentia uma sensação de alívio. Não pensou nenhum segundo na morte do cidadão à sua frente, mas sim na morte da irmã naquele infeliz acidente forjado.


         Segundos depois, o delegado e alguns soldados entraram no pavilhão. Vendo Péricles com a arma na mão, o alvejaram. E sem resistência alguma, Pericles fora algemado e colocado numa cela ao lado da do assassino recém assassinado. Neste instante, Péricles também se tornara autor de um crime. Como pessoa comum será julgado e sentenciado na cadeira como um réu primário e nada mais poderá priva-lo da lei designada à igualdade para todos.

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